quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sono... preguiça...

Sabe aqueles dias em que você acorda gostoso ao meio dia, de meias e blusão de lã, debaixo do edredom quentinho, com aquele jeito de quem “vai passar o dia na cama hoje e não deve satisfação a ninguém?” Você levanta, se espreguiça, caminha pela tábua do seu apartamento, se olha no espelho da pia, desiste de lavar o rosto porque está frio, fica na dúvida se vai pra cozinha ou se morre de fome, senta sem rumo na sala... fita não se sabe o quê, pensa não se sabe em quê, num estado de imersão dominical contemplativa... Levanta, senta, liga a TV. Desliga, deita , pensa no parque. Senta. Onde está o tênis de corrida? Abre a persiana pra ver se tem sol. Deita. O dia está bom pra dormir. Tem certeza de que nunca mais na vida toma uísque sem ter jantado antes. Pensa se ainda tem suco de morango na cozinha. Joga a caixa vazia na lata. Senta. Cruza as pernas em posição budista. Tenta meditar. Em vão. Vai pra casa da mãe? Deita. O sol aparece pela fresta lá fora. Por que não foi ontem ao supermercado, idiota? Tem vontade de comer cereal. Caminha até o quarto, liga o computador. Sabe que palavras, uma vez ditas, não voltam atrás. Pega o telefone. Não liga. Será que essa hora já tem telepizza? Desiste. Deita. Lembra do texto não escrito. Da foto. Tira as meias. Espirra. Sorri sozinha de besta. Liga pra mãe e avisa que vai. Em vão. Re-disca. Deixa recado, é melhor. Xinga o copo de liquidificador sujo na pia. Prefere esvanecer. Senta na cadeira laranja. Digita. Será que pede comida chinesa? Sente dor de cabeça. E de alma. Lembra da agenda ridícula. Abre o blog e começa a digitar sem sentido. Por quê? Para quê? Com que objetivo? Lembra que leu essa semana que escrever é escrever. Ri na hora. Intertextos. Até eles ou principalmente eles se modificam. Decide parar de racionalizar. Decide aceitar as coisas como são e continuar o seu dia de bem. Cozinhar? Sair pra comer? Andar sem rumo sorrindo na rua?... O que vem pela frente? Não sabe. Simplesmente não sabe. Mas é nisso que percebe a graça em viver.
Extraído do blog serendipities

2 comentários:

leal disse...

adorei suas historia

leal disse...

adorei suas historia