segunda-feira, 1 de março de 2010



Pedido de demissão

Venho, por meio deste post, apresentar oficialmente o meu pedido de demissão da categoria dos adultos.

Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as ideias de uma criança de oito anos, no máximo.
Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas. Quero acreditar que tudo é possível. Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim e quero ficar encantada com as pequenas maravilhas deste mundo. Quero de volta uma vida simples e sem complicações.

Estou cansada de dias cheios de computadores que falham, montanhas de papelada, notícias deprimentes, contas a pagar, cusquices, doenças e necessidade de atribuir um valor monetário a tudo o que existe. Não quero mais ter que inventar manobras para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento.

Não quero mais ser obrigada a dizer adeus a pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida.
Quero ter certeza de que Deus está no céu, e de que, por isso, tudo está direitinho neste mundo.
Quero ir ao McDonalds ou à pizzaria da esquina e achar que é melhor que um restaurante cinco estrelas.
Quero viajar ao redor do mundo num barquinho de papel e vou navegar numa poça deixada pela chuva.
Quero atirar pedrinhas à água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.
Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as verdadeiras, porque podemos comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.
Quero poder passar as tardes de Verão à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e partilhando-os-os com meus amigos.
Quero voltar a achar que chiclets e chupa chupas são as melhores coisas da vida.
Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um jogo de berlindes ou um jogo de futebol...

Eu quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a “Fitinha Azul” e a “Ave Maria”, e isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor ideia de quantas coisas eu ainda não sabia...
Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar e aborrecer.
Eu quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar ou na areia.

E o que é mais: quero estar convencida de que tudo isso vale muito mais do que o dinheiro!

Por isso, peguem nas chaves do carro, na lista do super mercado, nas receitas do médico, no talão de cheques, nos cartões de crédito, nos crachás de identificação, no montão de contas a pagar, na declaração de renda, na declaracão de bens, nas senhas do meu computador e das contas no banco, e resolvam as coisas da maneira que quiserem.



Estou com vontade de partir para bem longe... A partir de hoje, tudo aquilo que mencionei antes é com vocês, porque eu demito-me...


(adaptado por mim de "textos seleccionados" de Rubéns Queiróz, uma compilação de várias mensagens obtidas na Internet, enviadas por diversas pessoas)

0 comentários: