segunda-feira, 1 de março de 2010


A felicidade (Por João Paulo Cuenca)

Felicidade é quando nossos pés descalços afundam na areia, e nos beijamos nos lábios e afundamos nossos corpos um contra o outro num abraço incondicional e chove forte sobre as nossas cabeças e as gotas são esferas de vidro com recordações do que ainda não vivemos e as gotas se transformam em asas de gaivotas que rasgam o horizonte,e não há culpa sobre os nossos ombros quando eu olho pra você e enxergo outras, quando você me ve e eu sou vários, e a combinaçao infinita entre esses milhões de casais que moram dentro dos nossos olhos caminha até o mar quente que nos envolve em ondas, e nos molha a todos, os vários de nós dois entrelaçados em combinações improváveis,ate que a palavra outro perca totalmente o sentido, até que nos encontremos no ponto onde seremos juntos algo que não sou eu e tampouco é você .

E então , sob a luz de um amanhecer cor de sangue, atravessaremos o oceano em queda livre, e após retorcer o eixo do mundo com as pontas dos dedos, teremos o céu sob os pés descalços e as cidades do planeta Terra serão pequenos pontos de luz abaixo do nosso vôo, nossos sorrisos iluminados como que por fogos de artifício a medida que nos encaramos sem volta, confortáveis em haver perdido o caminho de casa, quando passado e futuro serão termos sem significado,
por que so haverá (há) o presente, o instante agudo onde as órbitas dos seus olhos se refletem nas minhas, e vice-versa, como uma multidão de espelhinhos, até que esses planetas livremente se alinhem em uma oposição numa reta perfeita -
e nenhum de nós, nunca mais, precise mentir para o outro.

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