terça-feira, 10 de maio de 2011

O que você idealiza?


Quando vejo mulheres, idealizando o tipo de “homem perfeito”, me pergunto “Aonde eu vim parar?”. Porque normalmente o cara perfeito tem que vir com uma etiqueta de roupa de marca? São elas que vão te dar a segurança emocional que você precisa?

Relembrando umas das minhas conversas com um amigo, sobre idealização, lembro de ter respondido por aqui uma pergunta dele sobre isso.

Não é você idealizar o “homem perfeito” em como é a estatura dele, a cor dos olhos, o cabelo, o porte, o charme, o carro que ele dirigi, ou o emprego que ele tem. Ou qual seria o seu limite de credito se você se casasse com ele. Não se idealiza o “homem perfeito” assim, a menos que você queira qualquer outra coisa que não seja sentimento.

Idealiza-se sentimentos, o respeito o que se espera, o quanto as coisas podem ser transparentes, comparam-se idéias, planos, cumplicidade.

Vai, todo mundo já encontrou um deus grego, que fez você se apaixonar perdidamente, e por final te deixou sozinha. Não vou dizer que aparência não conta porque eu estaria sendo hipócrita, conta, mas não tem que ser o que mais conta. O tal deus vai te deixar com tesão, e isso vai facilitar a tal química, mas não quer dizer que outro homem que não seja tão deus assim, não possa fazer isso.

Uma coisa é muito certa, as chances de você ter um coração partido (por um deus grego) é muito maior, do que se for uma pessoa normal. Coloquem uma coisa na cabeça de vocês, a aparência se acaba com o tempo, o sexo também. Vai haver crises financeiras, crises conjugais, vai haver milhões de coisas que podem não ser tão boas. Você conseguirá viver isso com essa pessoa? Porque dizer agora: “eu vou” é meio que “cuspir pro alto”.  Viver a situação é muito complicado. Espero que você que respondeu sim, consiga de fato passar por isso.

A essência do amor é muito além de aparência, de sexo ou de dinheiro. Ela consiste em te tornar melhor, em se doar melhor, ela te liberta de uma forma única. Desejo que todos tenham a oportunidade de viver isso, e se você encontrar, não perca.


‘Foi tirando o vestindo sem delicadeza. Despedir-se deveria ser daquele jeito: arrancando de si até o último grão de coragem, sem dramas. Sabia que no sexo, o adeus acende os corpos para incutir na memória a beleza do inesquecível. Por isso deixaram-se reger pela fome de cheiros e jeitos e encaixes. Sugavam ávidos a intimidade que tiveram outrora, quando havia encontro. Mas aquela dança desarmonizava-se tão destituída de alma. Tudo que antes fora abundante no desejo deles, naquele instante era fugitivo. Mesmo sabendo findo, procurou ainda uma fagulha de amor nos olhos dele, examinou aquele corpo em busca de qualquer lugar que ainda não evidenciasse a desistência. Em vão. Não havia mais no toque o contato com a essência. Restava consumir a chama de um resto de afeto na consumação do ato. Naquele enroscamento sem abraço.Aquela seria de fato a última cena.

Inaugurou um novo capítulo: uma garoazinha de tristeza, uma saudade entreaberta, e o vento aborrecido. Sudoeste querendo abraçar tudo. E ela vagueando por aí sem nenhuma palavra que arranhasse o silêncio. O tempo contido nas coisas, os dias aprisionados na ansiedade já não deslizavam pelo calendário. Esperança já nem suspirava. Não havia espera de nada, apenas a companhia corriqueira: ela e a solidão_ mão com mão, rostos sem face. Já não desejava amores nem intrigas de paixão alguma: sossegou-se na solitude aceitando aos poucos o tempo alargado para se preencher com improvisos, sem horários rígidos, sem avisos. Preencheu de paz o espaço novo do coração esvaziado. 

(Dizem que a Primavera chega trocando a roupa da paisagem). E no auge da sua descrença o dia amanheceu de novo. Quando não queria mais fugir de si mesma, foi surpreendida por uma voz de timbre limpo, olhos atenciosos e mãos que diziam coisas. Era alguém que tranqüilizava quando apenas sorria. Uma pessoa que trazia em si o amparo de tudo. Tinha o dom da conveniência e da clareza e pronunciava reciprocidade.

O fato resumindo é que o amor não era mais aquele estardalhaço. O amor era suave e tinha um jeito de penetrar sem invadir, de libertar no abraço. O amor não era mais aquela insônia, mas sonho bom na entrega ao desconhecido. O amor não era mais a iminência de um conflito, mas uma confiança na vida. E, pela primeira vez, o amor não carregava resquícios de abandono, pois havia descoberto: o amor estava ali porque ambos estavam prontos.
(O Tempo estava certo.)

1 comentários:

Anônimo disse...

Entrei por acaso, gostei. muito sensíveis as suas palavras.

abraços,
Marcos tavares de Souza
http://descrer.blogspot.com.br/