domingo, 10 de outubro de 2010

Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora. 
Eu queria ser trapezista, minha paixão era o trapézio. 
Me atirava do alto na certeza que alguém segurava-me as mãos não me deixando cair. 
Era lindo mas eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encostada que chegava e seguia. 
Era disso que eu tinha medo.
Do que não ficava pra sempre.
Era outra vez outro parque, outro circo, ciganos e patinadores. 

O circo chegou a cidade, era uma tarde de sonhos e eu corri até lá. 
Os artistas se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo e eu entrei no meio deles e falei que queria ser trapezista. 
Veio falar comigo uma moça do circo que era a domadora, era uma moça bonita, mas era uma moça forte, era uma moçona mesmo. 
Me olhou, riu um pouco e disse que era muito difícil mas que nada era impossível. 
Depois veio o palhaço Polly, veio o Topsy, veio Diderlang que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público... 
De repente apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando, a lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto.
Quando eu cansei de ficar olhando pro alto e fui olhar pras pessoas, só aí eu vi que estava sozinha.





Antônio Bivar

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